Marcha das Mulheres Negras 2015 –
20 mil mulheres negras de todas as regiões do Brasil estarão reunidas, em
Brasília, para marchar contra o racismo, a violência e pelo bem viver.
Além das organizações de mulheres
negras, a mobilização reunirá integrantes do movimento de mulheres e do
movimento feminista – a exemplo da Articulação de Mulheres
Brasileiras, que estão buscando contribuir para que o ato em Brasília,
assim como o processo nos estados, fortaleça as organizações de mulheres negras
e a luta contra o racismo no Brasil.
A Marcha das Mulheres Negras Contra o Racismo, a Violência e pelo Bem
Viver será realizada em Brasília – DF, dia 18 de novembro de 2015, com
concentração a partir das 9h no Ginásio Nilson Nelson. Reunirá cerca de 20 mil
mulheres de todos os estados e regiões do Brasil para marchar pela garantia de
direitos já conquistados, pelo direito à vida e a liberdade, por um país mais
justo e democrático e pela defesa de um novo modelo de desenvolvimento baseado
na valorização dos saberes da cultura afro brasileira. Além disso, reafirmar a
contribuição econômica, política, cultural e social das mulheres negras que
construíram e constroem diariamente o Brasil. A marcha acontece no âmbito da
Década Internacional dos Afrodescendentes 2015-2024 e do mês da Consciência
Negra.
Está prevista para o mesmo dia uma sessão conjunta do Senado e Câmara
Federal e uma audiência com a presidenta da República, Dilma Rousseff. A
diretora executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, ex-vice presidenta
da África do Sul também confirmou presença. São esperadas, ainda, as ativistas
norte-americana Ângela Davis e Bell Hooks, entre outras referências
internacionais na luta pela igualdade racial e de gênero.
A Marcha é uma iniciativa de diversas organizações e coletivos do
Movimento de Mulheres Negras e do Movimento Negro, além de contar com o apoio
de importantes intelectuais, artistas, ativistas, gestores e gestoras,
comunicadores e comunicadoras e referências das mais diversas áreas no Brasil,
América Latina e África. Estarão presentes trabalhadoras rurais, catadoras de
material reciclável, pescadoras, marisqueiras, quilombolas, estudantes, mestres
e mestras da cultura tradicional, empreendedoras, yalorixás, entre outras
mulheres negras dos diversos setores da sociedade. A proposta da Marcha surgiu
durante o Encontro Paralelo da Sociedade Civil para o Afro XXI, realizado em
2011, em Salvador, capital do estado da Bahia. A partir de então, mulheres
negras e do movimento social de mulheres negras atenderam ao chamado e deram
início as mobilizações para a Marcha. De 2011 até agora, foram realizadas
diversas ações entre debates, oficinas, passeatas, eventos formativos,
articulações em âmbito local, regional, nacional e internacional.
A agenda de debate proposta pelos movimentos sociais, especialmente, os
de mulheres negras tem buscado refletir e incidir sobre o lugar da mulher negra
na sociedade e os desafios da luta contra o racismo, a pobreza e a
sub-representação nos espaços de poder e decisão. Temas relacionados ao mercado
de trabalho formal e informal, produtivo, reprodutivo, enfrentamento à
violência racial, física, psicológica, patrimonial e moral, à violência
doméstica e sexual, genocídio da população tem sido discutidos e necessitam de
respostas urgentemente, razão pela qual a Marcha será um espaço de formação e
incidência política de grande importância para a conquista e a garantia de
direitos das mulheres negras em todo o território nacional.
Por que marchar?
De acordo com o IBGE, as mulheres negras representam 25% do total da
população brasileira, o que corresponde a cerca de 49 milhões de pessoas.
Apesar dos avanços das últimas décadas, como a criação da Secretaria de
Políticas para as Mulheres e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade
Racial, as mulheres negras ainda amargam os piores índices no que se refere o
acesso às políticas públicas de uma forma em geral. Com a criação destes
importantes órgãos no primeiro mandato do então presidente Lula, foi possível
avançar no que tange o enfrentamento das barreiras para a igualdade de
direitos. Apesar que, as marcas das desigualdades e da segregação étnico-racial
ainda sustentam modelos econômicos de caráter racista em todo o mundo, baseados
apenas em seus interesses em manter a exploração e a opressão de determinados
grupos sociais.
Quando mulheres vencem a barreira do desemprego, passam a vivenciar a
divisão sexual do trabalho, a violência doméstica, o assédio sexual. As
mulheres negras são ainda mais discriminadas, já que historicamente tem
convivido com o desrespeito histórico ao seu corpo que ainda é violado e
marginalizado, alimentando cada vez mais os índices de agressões, estupros e
assassinatos.
De acordo com o Instituto de Pesquisa Aplicadas – IPEA, 62% das vítimas
do feminicídio são mulheres negras, grande parte vive em condições de
subemprego, mesmo com formação escolar e capacitação e, ainda, respondem por
grande parte da chefia das famílias. Segundo o DIEESE, no trabalho formal,
protagonizam uma amarga diferença salarial de cerca de 19% com a mulher não
negra e de 46% se comparado com homens não negros. E, apesar dos avanços na
legislação trabalhista, as mulheres que atuam no trabalho doméstico, cerca de
oito milhões de mulheres, não contam com as mesmas condições e oportunidades que
os demais trabalhadores urbanos.
No que diz respeito à violência, dados do IPEA, entre 2009 e 2011,
estimam que mulheres negras, jovens e pobres são as maiores vítimas da
violência doméstica. No Brasil, 61% dos óbitos são de mulheres negras, as
principais vítimas em todas as regiões do país, à exceção da Sul. Merece
destaque a elevada proporção de óbitos de mulheres negras nas regiões Nordeste
(87%), Norte (83%) e Centro-Oeste (68%). Dados de 2012 apontam, ainda, que 63%
das mulheres em situação de prisão são de mulheres negras.
Segundo dados do Ministério da Saúde, 60% da mortalidade materna ocorre
entre mulheres negras. No que diz respeito ao atendimento pelo SUS, 56% das
gestantes negras e 55% das pardas afirmam ter realizado menos consultas pré-natal
do que mulheres brancas. No que tange a amamentação, as orientações só chegaram
a 62% das negras, enquanto 78% das brancas tiveram acesso.
Ressalta-se que no escopo das Metas de Desenvolvimento do Milênio, que
propunha erradicar a mortalidade materna, o Brasil não conseguiu alcançar as
metas, e o fator predominante para os altos índices se deu, sobretudo, por
conta dos dados negativos da mortalidade materna das mulheres negras.
Além da Marcha, está prevista a realização de uma Feira de
Empreendedoras Negras, debates, conferências, mostra cultural e shows no
Complexo Cultural do Museu Nacional da República, no período de 13 a 17 de
novembro.
SERVIÇO:
Marcha das Mulheres Negras 2015 | Data: 18 de novembro de 2015 |
Concentração: A concentração será a partir das 9h, nas imediações do
Ginásio Nilson Nelson. O percurso previsto se dará até o Congresso Nacional e
encerramento no Complexo Cultural do Museu da República, em Brasília.
Leia o Manifesto completo aqui e acompanhe as mobilizações no
endereço www.marchadasmulheresnegras.com
Mais informações pelo e-mail: comunicacaomarcha@gmail.com | Contatos: Ionara Silva ( 55) 61 9657-7741 / Naiara Leite(55) 71 9198-7892 |
Fonte: Sos Corpo
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